Nanã
Buruquê
A
mais velha divindade do panteão, associada às águas paradas, à lama dos
pântanos.
O
único Orixá que não reconheceu a soberania de Ogum por ser o dono dos metais.
Mãe de Omolu e Oxumare, os abandonou.
É
tanto reverenciada como sendo a divindade da vida, como da morte. Seu símbolo é
o íbíri - um feixe de ramos de folha de palmeira com a ponta curvada e
enfeitado com búzios, seu dia é o sábado.
Sua
saudação é SALÚBA !
LENDA
NANÃ
- Orixá da Terra - Princípio de Nossa Existência !!!
Dizem
que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano,
Oxalá tentou vários caminhos.
Tentou
fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu.
Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa
foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de
palma, e nada.
Foi
então que Nanã veio em seu socorro e deu a Oxalá a lama, o barro do fundo da
lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã. Oxalá criou o homem, o
modelou no barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos Orixás povoou
a Terra.
Mas
tem um dia que o homem tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra,
voltar à natureza de Nanã.
Nanã
deu a matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é seu.
Nanã
Buruku (ou Nanã, Nanã Buluku, Nanã Buru, Nanã Boroucou, Nanã Borodo,
Anamburucu, Nanã Borutu), é um nome pertinente a um vodun e orixá das chuvas,
dos mangues, do pântano, da lama (barro molhado), senhora da Morte, e
responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne).
Identificado no jogo do merindilogun pelos odu ejilobon e representado
materialmente pelo candomblé através do assentamento sagrado denominado igba
nanã.
África
Em
sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais vaidosa, em nome da qual
desprezou seu filho primogênito com Oxalá, Omulu, por ter nascido com várias
doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou
abandonando-o numa praia, Iemanjá o achou abandonado, quase morrendo e o curou
e o criou como se fosse sua mãe, dando todo o amor e carinho. Sabendo do que
Nanã fez, Oxalá condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam anormais
(Oxumarê, Ewá e Ossaim), e a expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver
num pântano escuro e sombrio, lugar onde pensou em abandonar seu pobre filho,
mas desistiu, pois na praia seu filho morreria mais rápido.
Nanã
é dona de um cajado, o ibiri. Suas roupas parecem banhadas em sangue, Orixá das
águas paradas que mata de repente, ela mata uma cabra sem usar faca. É
considerada o Orixá mais antigo do mundo. Quando Orunmilá chegou aqui para
frutificar a terra, ela aqui já estava. Nanã desconhece o ferro por se tratar
de um Orixá da pré-história, anterior à idade do ferro. O termo
"nanan" significa raiz, aquela que se encontra no centro da terra.
Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto que em algumas tribos quando
seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão. Senhora das doenças cancerígenas,
está sempre ao lado do seu filho Omulu. Protetora dos idosos, desabrigados,
doentes e deficientes visuais. É um vodun, segundo alguns pesquisadores,
originário de Dassa-Zoumé, é uma velha divindade das águas. Pierre Verger
encontrou um Templo Dassa-Zoumé e o sacerdote do seu culto.
A
área que abrange seu culto é muito vasta e parece estender-se de leste, além do
rio Níger, até a região Tapá, a oeste, além do rio Volta, nas regiões dos
"guang", ao nordeste dos Ashanti.
Entre
os fon e mahi ela é considerada uma divindade hermafrodita, anterior a Mawu e
Lissá, aos quais teria dado origem em associação com a "serpente do
Universo" Dan Aido Hwedo. Para os ewes e minas, ela é às vezes vista como
um vodun masculino (Nana Densu), esposo da grande mãe das águas Mami Wata.
Brasil
Nanã
Buruku é cultuada no Candomblé Jeje como um vodun e no Candomblé Ketu como um
orixá da chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada, lama e
considerada a mãe dos orixás Obaluaiyê, Iroko, Osanyin, Oxumarê e Yewá.
Nanã
é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como
uma anciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu
emblema é o Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como
"Mãe-Terra Primordial" dos grãos e dos mortos, Nanã Buruku poderia
ser equiparada à deusa greco-romana Deméter-Ceres-Cíbele.
A
existência do culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à
descoberta do ferro, por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados
objetos cortantes de metal.
O
baobá ("Adansonia digitata L.", em iorubá ossê e em Fon akpassatin) é
sua árvore sagrada.
No
sincretismo afro-católico, Nanã Boroquê, como é chamada na Umbanda, é
equiparada à Sant'Ana.
Nanã
no Batuque - RS: Nanã no Batuque (Religião Afro-Gaúcha) é a Iemanjá mais velha
de todas, embora não seja Iemanjá.
Arquétipo
São
conservadores e presos aos padrões convencionais estabelecidos pelos homens.
Passam aos outros a aparência de serem calmos, mudando rapidamente de
comportamento, tornando-se guerreiros e agressivos; quando então, podem ser
perigosos, o que assusta as pessoas. Levam seu ponto de vista às últimas
conseqüências, tornando teimosia. Quando mãe, são apegadas aos filhos e muito
protetoras. São ciumentas e possessivas. Exigem atenção e respeito, são pouco
alegre e não gostam de muita brincadeiras. Os filhos deste grande Orixá são
majestosos e seguros nas ações e procuram sempre o caminho da sabedoria e da
justiça.
Qualidade de Nanã
• Buruku
• Igbayin
• Igbónán
• Asayio
• Asanan
• Insele
• Tinoloko
• Ajaosi
• Ìkure
Dia: sábado Data:
26 de Julho (dia dos avós no Brasil)
Metal: Latão Cores:
Branco e azul ou preto e roxo
Comidas: Aberém,
mugunzá, mostarda e taioba
Símbolos: Ibiri e
bradjá
Elementos: Águas paradas
e lamacentas Região da África: Ex-Daomé
Pedra: Ametista
Folhas:
Folha-da-costa, folha de mostarda, manacá, ojú oro, oxibatá, papoula roxa,
quarana
Odu
que Rege: Odilobá
Domínios: Vida e morte,
saúde e maternidade
Saudação: Salúba!
As lendas de Nanã
Afirma-se
que Nanã era a rainha de um povo e que tinha poder sobre os mortos. Para roubar
esse poder, Oxalá desposou-a, mas não ligava para ela. Nanã, então, fez um
feitiço para ter um filho. Tudo aconteceu como ela queria mas, por causa do
feitiço, o filho, Omolu nasceu todo deformado. Horrorizada, Nanã jogou-o no mar
para que morresse. Como castigo pela crueldade, quando Nanã engravidou de novo,
Orunmilá disse que o filho seria lindo mas se afastaria dela para correr mundo.
Assim, nasceu Oxumaré, que durante seis meses do ano vive no céu como o
arco-íris, e nos outros seis é uma cobra que se arrasta no chão.
Em
outra lenda, conta-se que, na aldeia chefiada por Nanã, quando alguém cometia
um crime, era amarrado a uma árvore. Nanã então chamava os Eguns para
assustá-lo. Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e deu-lhe uma poção
que fez com que ela se apaixonasse por ele. Nanã dividiu o reino com ele, mas
proibiu a sua entrada no Jardim dos Eguns. Oxalá então espionou-a e aprendeu o
ritual de invocação dos mortos. Depois, disfarçando-se de mulher com as roupas
de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Eguns que obedecessem "ao homem que
vivia com ela" (ele mesmo). Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir
mas, como estava apaixonada, acabou aceitando deixar o poder com o marido. Hoje
no Culto aos Egungun só os homens são iniciados para invocar os Eguns.
Uma
terceira lenda refere que, certa vez, os Orixás se reuniram e começaram a
discutir qual deles seria o mais importante. A maioria apontava Ogum,
considerando que ele é o Orixá do ferro, o que deu à humanidade o conhecimento
sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos instrumentos para agricultura,
caça e pesca, e das facas para uso doméstico e ritual. Somente Nanã discordou
e, para provar que Ogum não era tão importante assim, torceu com as próprias
mãos o pescoço dos animais destinados ao sacrifício em seu ritual. É por isso
que os sacrifícios para Nanã não podem ser feitos com instrumentos de metal.
Seus
Iniciados
Seus
sacerdotes e sacerdotisas são experientes à prática da medicina através das
ervas, pois Nanã é detentora do conhecimento do uso terapêutico delas (ervas).
Mas a Deusa explica ainda, que além do uso terapêutico das folhas e de alguns
produtos animais, as doenças podem ter origem espiritual e portanto, requer
tratamento nesse sentido. Mas, qualquer que seja a origem da doença, se a
pessoa enferma recorrer à Nanã, obterá o remédio curador.
Muitas
mulheres recorrem à essa Deusa quando não conseguem engravidar e Nanã ensina
prontamente a mistura de ervas que deve tomar, assim como os "ebós" e
oferendas que devem ser feitos. Caso sejam atendidas, é costume na África, em
homenagem à Deusa, acrescentar ao nome da criança a palavra "nanã".
Todos seus sacerdotes e sacerdotisas também usam na frente do nome esse
prefixo.
O
culto de iniciação dos "filhos" de Nanã requer uma série de cuidados
especiais, tanto aqui no Brasil como na África. Durante um período é necessário
abster-se de sexo, bebidas alcoólicas, qualquer tipo de droga ou vício, pelo
menos por 2 meses antes. Nesse período são realizados vários "ebós"
na casa do santo.
Na
África as mulheres menstruadas são impedidas de entrar em seu templo ou fazer
comida de santo. Nanã fala que a bogami (menstruação) é um sangue impuro e diz
para as mulheres não cozinharem para seus maridos quando estiverem menstruadas.
Aqui vemos claramente traços de um período muito arcaico (neolítico) em que o
sangue da menstruação ainda era considerado impuro.
Nanâ e Hécate
Nanã
é também uma Deusa da Lua Escura que muito se assemelha a Hécate nas funções de
regente dos processos misteriosos da vida e da morte, das passagens difíceis da
vida e da entrada nos caminhos árduos da transformação. A nível psíquico, essas
passagens não podem ser eliminadas do curso normal da vida.
Nanã,
assim como Hécate é a Deusa Terra primordial que dá nascimento às sementes e
acolhe em seu seio os mortos. Tanto pode dar vida como a morte, seqüências da
mesma realidade. É ainda, Dona da sabedoria e da justiça, que vem da natureza e
a sua lei é implacável.
Nanã
o Orixá feminino mais velho do panteão, pelo que é altamente respeitada. Veste-se
de branco e azul. Suas contas são de louça branca com riscos azuis. Traz na mão
o Ibiri, seu cetro, que é feito com palitos de dendezeiro e nasceu junto com
ela, na sua placenta. O sincretismo de Nanã com Sant'Ana, avó maternal de
Jesus, e padroeira dos professores, reforça a impressão de que ela é muito
antiga e que sua chegada ao Brasil foi anterior à dos Yorubas.
A
Deusa tanto pode trazer riquezas como miséria. Está relacionada, ainda, ao uso
das cerâmicas, momento em que o homem começa a desenvolver cultura. Os búzios,
que simbolizam morte por estarem vazios e fecundidade porque lembram os órgãos
genitais femininos, também pertencem a Nana.
Entretanto,
o símbolo que melhor sintetiza o caráter de Nana é o "grão", pois ela
possui o domínio da agricultura e todo "grão" tem que morrer para
germinar.
Mitologia
LENDA 1 (Mitologia Fon)
Na
mitologia Fon, Nanã Buruku (ou Buluku) que deu nascimento ao gêmeos: Lisa e
Mawu. Mawu era a Lua, que teve força ao longo da noite e viveu no oeste. Lisa
era o Sol, que fez sua morada no Leste. Quando existia um eclipse dizia-se que
Mawu e Lisa estavam fazendo amor. Mawu-Lisa criaram todo o Universo e os Voduns
juntos. Eles eclipsaram várias vezes e tiveram no total sete casais de gêmeos
(sempre um masculino e o outro feminino).
Mawu
e Lisa chamaram seu filhos e os enviaram à Terra como os primeiros habitantes e
para que esses os ajudassem a governar a Terra, deram a cada um uma atribuição.
Os principais Voduns são: Loko; Gu; Heviossô; Sakpatá; Dan; Agbê; Águé; Ayizan;
Agassu; Legba e Fa.
Com
o nascimento desses filhos, Nana criou a dualidade que daria o equilíbrio ao
mundo e aos seres viventes.
Mawu
é o princípio feminino, a fertilidade, a suavidade, a compreensão, a
ponderação, a reconciliação e o perdão. Já Lisa é o princípio masculino, o
julgador, a impaciência, a força cósmica que castiga os homens errados e os
corrige, a seriedade. Ele está sempre atento para que as leis de Mawu sejam
cumpridas.
Os
fons, ao chegarem no Brasil, eram chamados de "Jejes", implantaram
aqui o seu culto, baseado na rica, complexa e elevada Mitologia Fon. Sua
entrada no em nosso país ocorreu em meados do século XVII.
Djedje
(jeje) é uma palavra de origem yoruba que significa estrangeiro, forasteiro e
estranho; que recebeu uma conotação pejorativa como “inimigo”, por parte dos
povos conquistados pelos reis de Dahomey e seu exército. Quando os
conquistadores eram avistados pelos nativos de uma aldeia, muitos gritavam
dando o alarme “Pou okan, djedje hum wa!” (olhem, os jejes estão chegando!).
Quando
os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como escravos, aqueles que já estavam
aqui reconheceram o inimigo e gritaram “Pou okan, djedje hum wa!”; e assim
ficou conhecido o culto dos Voduns no Brasil “nação Jeje”.
Nana Buruku
Nanã
Buruku está associada com as Onze Energias cósmicas e é íntima delas
compreendidas ma religião da Umbanda. É denominada como a "Avó de todos os
Orixás". Nada acontece sem que ela tenha conhecimento, sempre presente,
desde a criação incessante do universo até o desenrolar contínuo da atividade
existencial de todos os seres e elementos que compõem o organismo vivo do nosso
planeta. Soma-se com outras Energias para, juntas, comporem a forma mais sutil
e perspicaz orixá: Oxumaré que personifica a curva do arco-íris.
Na
Umbanda, Nanã é configurada pelos fiéis e "filhos de cabeça" como
sendo fisicamente uma senhora sempre curvada pelo peso das eras e cujo rosto
nunca é visto, porque está sempre encoberto. Sua imagem está projetada na
figura de um devoto que canta e dança em seu louvor, mimeticamente, como se
embalasse uma criança. Outras vezes com as mãos juntas como se socasse um
pilão. Sua postura em muito se parece com o orixá Omolu com o qual parte e
reparte suas próprias vibrações preferenciais e idiossincrásicas.
É
conhecida também por: Bukuú (Togo), Naná Buluku (Benin, ex-Daomé), Borokô
(candomblés de caboclo), Tobossi (fantiashanti), Kerê-Kerê (Angola e Congo) e
mais as variantes Naná, Nanã, Nanã Buruquê, Buruku, Ananburuquê, Anaburuku,
Naná Buku, Naná Brukung e, na língua yoruba como Nanã Buruiku.
LENDA 2
Dizem
que quando Olorum, o ser Supremo, encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o
ser humano, Oxalá tentou vários caminhos.
Tentou
fazer o Homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o Homem logo se desvaneceu.
Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa
foi pior. Fez de fogo e o Homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de
palma, e nada.
Foi
então que Nanã veio em seu socorro e deu a Oxalá a lama, o barro do fundo da
lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã. Oxalá criou o Homem, o
modelou no barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos Orixás
povoou a terra.
Mas
tem um dia que o homem tem que morrer.
O
seu corpo tem que voltar a terra, voltar a natureza de Nanã. Nanã deu a matéria
no começo, mas quer de volta no final tudo o que é seu.
Essa
lenda descreve a natureza de Nanã como a Grande Mãe de onde tudo nasce e tudo
retorna.
LENDA 3
Essa
terceira lenda conta que Nanã foi conquistar o reino de Oxalá e acabou sendo
conquistada por ele. Entretanto, o deus amava muito sua esposa, Iemanjá, e
jamais se envolveria com Nanã. Essa então, o embriagou e o seduziu,
engravidando. Desse ato adúltero nasceu Obaluiaê, uma criança muito feia e
deformada que foi abandonada no mar. Iemanjá o encontrou meio morto e todo
mordido pelos peixes e o cuidou até que ficasse curado. Para esconder as
cicatrizes que permaneceram em seu corpo, ele foi coberto de palha. Assim cresceu
Obaluaiê, sempre coberto por palhas, escondendo-se das pessoas, taciturno e
compenetrado, sempre sério e até mal-humorado.
Um
dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por
onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as pessoas, assustadas com o
homem coberto desde a cabeça com palhas, expulsaram-no da aldeia e não lhe
deram nada. Obaluaiê, triste e angustiado saiu do povoado e continuou pelos
arredores, observando as pessoas.
Durante
este tempo os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres
ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola, os homens doentes. Acreditando
que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão
e pediram que ele novamente pisasse na terra seca. Ainda com fome e sede,
Obaluaiê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia,
fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens o alimentaram e lhe deram de
beber, rendendo-lhe muitas homenagens. Foi quando Obaluaiê disse que jamais negassem
alimento e água a quem quer fosse, tivesse a aparência que tivesse. E seguiu
seu caminho.
Chegando
à sua terra, encontrou uma imensa festa dos orixás. Como não se sentia bem
entrando numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa.
Neste momento Iansã, a Deusa dos ventos, o viu nesta situação e, com seus
ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um belo homem, já sem
nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade E dançou com ele pela noite
adentro. A partir deste dia, Obaluaiê e Iansã-Balé se uniram contra o poder da
morte, das doenças e dos espíritos dos mortos, evitando desgraças aconteçam aos
homens.
Essa
lena nos aconselha a nunca negar auxílio, qualquer que seja, às pessoas que nos
procuram. Além disso, nos diz para termos esperança, pois "não há mal que
sempre dure.." e sempre há um recomeço, mesmo após um grande e penoso
sofrimento.
LENDA 4
"Nanã
era esposa de Ogum e ocupava o cargo de juíza no Daomé. Só julgava os homens,
sendo muito respeitada pelas mulheres que eram consideradas Deusas.
Ela
morava numa bela casa com jardim. Quando alguém apresentava alguma reclamação
sobre seu marido, ela amarrava a pessoa numa arvore e pediu aos eguns para
assustá-la.
Certa
noite, Iansã reclamou de Ogum e ele foi amarrado no jardim. A noite, conseguiu
escapulir e foi falar com ifá. A situação não podia continuar e, assim, ficou
acertado que oxalá tiraria os poderes de Nanã. Ele se aproximou e ofereceu a
ela suco de igbin, um tipo de caramujo. Ao beber o preparado, Nanã adormeceu.
Oxalá então vestiu-se de mulher e, imitando o jeito de Nanã, pediu aos Eguns
que fossem embora de seu jardim para sempre.
Quando
Nanã acordou e percebeu o que Oxalá tinha feito, obrigou-o a tomar o mesmo
preparado de igbin e seduziu o orixá. Oxalá saiu correndo e contou para Ogum o
que havia acontecido. Indignado, este cortou relações com Nanã. E é por isso
que nas oferendas a Nanã não é usado nenhum objeto de metal.
Uma
outra lenda registra que, numa reunião, os orixás aclamaram ogum como o mais
importante deles e que Nanã, não se conformando em ser derrotada por ele,
assumiu que não mais usaria os utensílios de metal criados pelo orixá guerreiro
(escudos e lanças de guerra, facas e setas para caça e pesca). Por isso, que
ela não aceita oferendas em que apresentem objetos de metal."
(Lenda
retirada do portal dos orixás)
Essa
lenda, vem de encontro à tese de alguns historiadores que afirmam que a Deusa
Nanã é anterior a Idade do Ferro.
Sobre
Ela:
Dia:
sábado;
Data: 26 de julho
Sincretismo: Nossa Senhora
Santana
Cor: branco com
traços azuis ou roxos
Partes
do corpo: protege a barriga, o útero, a parte genital feminina, protege as
mulheres gestantes;
Comida: Mugunzá; Ebô
Símbolo: Ìbírí (feixe
de nervura de dendezeiro envolto, que carrega na mão, com uma das pontas
voltadas para baixo, simbolizando a vida que retorna). Saudação: Salubá Nanã!
! ("Dona do pote da Terra!")
Comando da falange de Nanã: Cabocla
Janaína
Representação
no ponto riscado: uma cruz Amalá: caruru sem
azeite e bem temperado
Planeta
regente: Lua (no quarto crescente) e Mercúrio Ervas
para banho e defumação: agapanto lilás, avenca, cipreste, manacá,
quaresma, alfavaca, mariazinha, mãe-boa, sempre-viva roxa, erva de passarinho,
cajá, mutamba, dama da noite, entre outras.
Flores: as que
tenham preferencialmente a tonalidade lilás ou roxa.
Frutos: melão,
melancia, abacaxi, banana da terra, graviola, pêssego, , jaca, maçã, entre
outras.
Bebidas: Água da
chuva, suco das frutas acima mencionadas, bebida feita com ervas e folhas do
próprio orixá e champanha.
Local preferido: Nas nuvens
ou na junção das águas da chuva com o solo barrento e pantanoso.