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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

São Jerônimo



São Jerônimo

Jerônimo ou Jerónimo  (em latim: Eusebius Sophronius Hieronymus; em grego: Εὐσέβιος Σωφρόνιος Ἱερώνυμος) foi um sacerdote cristão ilírio1 , destacado como teólogo e historiador e considerado confessor e Doutor da Igreja pela Igreja Católica. Filho de Eusébio, da cidade de Estridão, na fronteira entre a Dalmácia e a Panônia, é mais conhecido por sua tradução da Bíblia para o latim (conhecida como Vulgata) e por seus comentários sobre o Evangelho dos Hebreus, mas sua lista de obras é extensa .
São Jerônimo é reconhecido como santo pelos católicos, ortodoxos, luteranos e anglicanos.



Biografia
Eusébio Sofrônio Jerônimo nasceu em Estridão por volta de 347 , mas só foi batizado entre 360 e 366 quando viajou paraRoma com seu amigo Bonoso - que pode ou não ser o mesmo Bonoso que Jerônimo identifica como sendo seu companheiro quando foi viver como eremita numa ilha no Adriático - para continuar seus estudos sobre retórica e filosofia. Lá, Jerônimo estudou com o gramático Élio Donato, aprendeu latim e um pouco de grego4 , embora não tenha adquirido a proficiência que, anos depois, alegaria ter obtido como estudante

.
Ainda como estudante em Roma, Jerônimo se envolveu no comportamento errático dos colegas mais despreocupados, o que lhe provocava depois terríveis ataques de arrependimento. Para apaziguar a consciência, visitava aos domingos as sepulturas dos mártires e dos apóstolos nas catacumbas, uma experiência que lhe lembrava dos terrores do inferno:
Frequentemente me encontrava entrando naquelas profundas criptas escavadas na terra, com suas paredes de ambos os lados preenchidas com os corpos dos mortos, onde tudo era tão escuro que parecia quase como se as palavras do salmista tivessem se realizado: «Desçam vivos ao Cheol» (Salmos 55:15). Aqui e ali, a luz, não vinda de janelas, mas descendo através das valas, aliviava o horror da escuridão. Mas novamente, tão logo você se via caminhando cuidadosamente adiante, a noite escura se fechava a sua volta e vinha-me à mente o verso de Virgílio: "Horror ubique animos, simul ipsa silentia terrent"
Jerônimo utilizou de uma passagem de Virgílio — "Por todos os lados o horror se espalhava; o profundo silêncio inspirava o terror na minh'alma"8 — para descrever o horror do inferno. No início de sua carreira, ele utilizava termos de autores clássicos para descrever conceitos cristãos (como "Cheol", um termo para o inferno) , um indicativo de sua educação clássica. Embora inicialmente cético em relação ao cristianismo, no fim acabou se convertendo . Depois de muitos anos na capital imperial, Jerônimo viajou com Bonoso para a Gália e se assentou em Augusta Treveroro (moderna Trier, na Alemanha), onde é possível que tenha primeiro se dedicado aos seus estudos teológicos e, depois, a copiar para seu amigo Tirânio Rufino o comentário de Hilário sobre os "Salmos" e o tratado "De Synodis". Depois disso, Jerônimo viveu vários meses (pelo menos) ou, possivelmente, anos, com Rufino em Aquileia, onde fez muitos amigos cristãos.
Alguns deles o acompanharam quando ele partiu, por volta de 373, numa viagem através da Trácia e da Ásia Menor até o norte da Síria. Em Antioquia, onde ficou por mais tempo, dois de seus companheiros morreram e ele próprio ficou seriamente doente mais de uma vez. Durante uma destas enfermidades (perto do inverno de 373-374), Jerônimo teve uma visão que levou-a a abandonar seus estudos seculares para dedicar-se completamente a Deus. Ele parece ter trocado uma grande quantidade de tempo que dispendia no estudo dos clássicos para estudar a Bíblia, dirigido por Apolinário de Laodiceia, que na época ensinava em Antioquia e ainda não dava sinais de sua futura condenação por heresia (videapolinarismo).
Tomando por um súbito desejo de viver em penitência asceta, Jerônimo passou um tempo no deserto de Cálcis, para o sudoeste de Antioquia, uma região conhecida como "Tebaida Síria", onde moravam numerosos eremitas. Durante este período, ele parece ter encontrado tempo para estudar e escrever. Lá também dedicou-se a aprender pela primeira vez o hebraico, sob a tutela de um judeu convertido e é possível que ele tenha mantido correspondência com os judeo-cristãos de Antioquia. Por volta desta época, Jerônimo contratou uma cópia de um "Evangelho Hebreu", do qual fragmentos foram preservados em suas notas e que é hoje conhecido como "Evangelho dos Hebreus", considerado o verdadeiro Evangelho de Mateus pelos nazarenos . Depois disso, ele próprio traduziu partes da obra para o greg0.
De volta em Antioquia em 378 ou 379, foi ordenado pelo bispo Paulino de Antioquia, aparentemente contra sua vontade e sob a condição de poder continuar sua vida asceta. Logo depois, viajou para Constantinopla para continuar seus estudos sobre as Escrituras com Gregório Nazianzeno. Ele passou por volta de uns dois anos por lá e partiu novamente para Roma, onde passou os três anos seguintes (382-385) na corte do papa Dâmaso I e a liderança cristã da cidade. O motivo da viagem foi um convite para que participasse do concílio de 382 realizado para acabar com o cisma na Igreja de Antioquia, que na época tinha mais de um patriarca alegando ser o verdadeiro. Acompanhando um deles, Paulino, pretendia apoiá-lo nos trabalhos, acabou se destacando junto ao papa e passou a exercer um importante papel durante seus concílios.

Jerônimo então recebeu diversos encargos em Roma e realizou ali uma revisão da Bíblia Latina (Vetus Latina) baseando-se em manuscritos gregos do Novo Testamento. Ele também atualizou o saltério contendo o "Livro dos Salmos" que era na época utilizado em Roma baseando-se na Septuaginta grega. Embora não tenha ficado claro para ele na ocasião, a tradução de muito do que depois se tornaria a Vulgata latina demoraria ainda muitos anos e tornar-se-ia seu mais importante legado (vide abaixo).
Em Roma, Jerônimo estava rodeado por um círculo de mulheres bem-nascidas e bem-educadas, incluindo algumas oriundas das mais nobres famílias patrícias romanas, como as viúvas Leia, Marcela e Paula, com suas filhas Blesila e Eustóquia. Como resultado da crescente inclinação destas mulheres pela vida monástica, da indulgente lascividade que imperava em Roma e mais a crítica feroz de Jerônimo ao clero secular, que não poupava ninguém, logo irrompeu um conflito contra o clero romano e seus aliados. Depois da morte de Dâmaso, seu patrono (10 de dezembro de 384), Jerônimo foi forçado a abdicar de suas funções em Roma quando um inquérito foi aberto pelos seus inimigos para investigar uma suposta relação inapropriada entre ele e Paula.
Além disso, sua condenação ao estilo de vida hedonista de Blesila levou-a a adotar práticas ascetas que acabaram afetando sua saúde e a tornaram tão fraca fisicamente que ela morreu apenas quatro meses depois de começar a seguir suas instruções. A maior parte da população romana ficou enfurecida com Jerônimo, acusando-o de causar a morte prematura de uma jovem tão altiva.Para piorar, sua insistência de que Paula não deveria lamentar a morte dela e suas reclamações de que o luto por ela era excessivo foram vistos como cruéis e polarizaram ainda mais a opinião pública contra ele.

Jerônimo com Santa Paula e sua filha Eustóquia, duas de suas principais devotas. Uma rica viúva, Paula deu condições para que Jerônimo pudesse viver sem preocupações financeiras e se dedicasse aos estudos. Ela seguiu-o depois para Belém e morreu com ele na Terra Santa.

Em agosto de 385, Jerônimo abandonou Roma definitivamente e voltou para Antioquia com seu irmão Pauliniano e diversos amigos; logo depois vieram Paula e Eustóquia, decididas a terminar suas vidas na Terra Santa. No inverno do mesmo ano, Jerônimo viajou com elas na função de conselheiro espiritual. O grupo, acompanhado do bispo Paulino de Antioquia, peregrinou por Jerusalém, Belém e os lugares santos da Galileia antes de seguir para o Egito, onde viviam os heróis da vida asceta, os monges do deserto.
Na Escola Catequética de Alexandria, Jerônimo ouviu Dídimo, o Cego, ensinar sobre o profeta Oseias e contar o que se lembrava de Santo Antão, que morrera trinta anos antes. Depois, passou algum tempo na Nítria admirando a disciplinada vida comunitária dos numerosos habitantes da "cidade do Senhor", percebendo que, mesmo ali, "serpentes escondidas", ou seja, a influência do polêmico teólogo alexandrino Orígenes. No final do verão de 388, voltou para a Terra Santa e passou o resto de sua vida numa cela eremítica perto de Belém rodeado por uns poucos amigos, homens e mulheres (incluindo Santa Paula eEustóquia), a quem ele atendia como sacerdote e professor.
Com recursos financeiros suficientes providenciados pela rica Paula, que investia também em aumentar sua biblioteca, Jerônimo passou a levar uma vida de incessante produção literária. A estes últimos trinta e quatro anos de sua carreira pertencem suas mais importantes obras; sua versão do Antigo Testamento traduzida do original hebraico, o melhor de seus comentários sobre as Escrituras, seu catálogo de autores cristãos (De Viris Illustribus) e o seu diálogo contra os pelagianos, de perfeição reconhecida até pelos seus adversários. A este período também pertence a maior parte de suas polêmicas, obras que o distinguem dos demais Padres da Igreja da época, incluindo tratados contra o origenismo (crença que seria depoisanatemizada) do bispo João II de Jerusalém e de seu antigo amigo Rufino.
Em 416, como consequência de suas obras contra o pelagianismo, partidários inflamados da crença invadiram os edifícios monásticos perto de onde vivia, atearam-lhes fogo, atacaram os moradores e mataram um diácono, forçando Jerônimo a se refugiar numa fortaleza nas imediações.

Jerônimo morreu perto de Belém em 30 de setembro de 420, uma data que aparece na "Crônica" de Próspero da Aquitânia. Diz-se que seus restos, originalmente enterrados em Belém, foram trasladados para a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, embora outros locais no ocidente também reivindiquem a posse de alguma relíquia relacionada ao santo.