Virgem Maria
Os evangelhos canônicos de São Mateus e São Lucas descrevem Maria como uma virgem
(grego: παρθένος, parthenos). Tradicionalmente, os cristãos
acreditam que ela concebeu seu filho milagrosamente pela ação do Espírito
Santo. Os muçulmanos acreditam que ela concebeu pelo comando de Deus.
Isso ocorreu quando ela estava noiva de José
e aguardava o rito do casamento, que tornaria a união formal. Ela se casou com
José e o acompanhou a Belém, onde Jesus nasceu.3
De acordo com o costume judaico, o noivado teria ocorrido quando ela tinha
cerca de 12 anos, o nascimento de Jesus aconteceu cerca de um ano depois.
O Novo
Testamento começa o seu relato da vida de Maria com a anunciação,
quando o anjo Gabriel apareceu a ela anunciando que Deus a
escolheu para ser a mãe de Jesus. A tradição da Igreja e os escritos apócrifos
afirmam que os pais de Maria eram um casal de idosos, São Joaquim
e Santa Ana.
A Bíblia registra o papel de Maria em eventos
importantes da vida de Jesus, desde o seu nascimento até a sua ascensão. Escritos apócrifos falam de sua morte e posterior assunção ao céu.
Os cristãos da Igreja
Católica, da Igreja Ortodoxa, da Igreja Ortodoxa Oriental, da Igreja
Anglicana e da Igreja Luterana acreditam que Maria, como mãe
de Jesus, é a Mãe de Deus (Μήτηρ Θεοῦ) e a Theotokos,
literalmente Portadora de Deus. Maria foi venerada desde o início do cristianismo. Ao longo dos
séculos ela tem sido um dos assuntos favoritos da arte, da música e da
literatura cristã.
Há uma diversidade significativa nas crenças e
práticas devocionais marianas entre as grandes tradições cristãs. A
Igreja Católica tem uma série de dogmas marianos, como a Imaculada Conceição de Maria e Assunção de Maria. Os católicos se referem a
ela como Nossa Senhora e a veneram
como a Rainha do Céu e Mãe da Igreja, porém, a maioria dos protestantes
não compartilham dessas crenças. Muitos protestantes vêem um papel mínimo de
Maria dentro do Cristianismo, com base nas poucas referências bíblicas.13
Em fontes
antigas
No novo
testamento
“
|
O Novo Testamento relata sua humildade e
obediência à mensagem de Deus e faz dela um exemplo para cristãos de todas as
idades. Fora das informações fornecidas no Novo Testamento pelos Evangelhos
sobre a dama da Galileia, a devoção cristã e a teologia construíram uma
imagem de Maria, que cumpre a previsão atribuída a ela no Magnificat:
«Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada.» (Lucas 1:48)
|
”
|
— "Mary." Web: 29Sep2010 Encyclopædia Britannica Online.,
|
O nome "Maria" vem do grego
Μαρία, que é uma forma abreviada de Μαριάμ. O nome do Novo
Testamento foi baseado em seu nome original em hebraico,
מִרְיָם ou Miryam. Ambos, Μαρία e Μαριάμ, aparecem no Novo
Testamento.
Maria, a mãe de Jesus, é chamada pelo nome cerca de
vinte vezes no Novo Testamento.
Referências específicas
- O Evangelho de Lucas menciona Maria
frequentemente em relação aos outros evangelhos, identificando-a pelo nome
doze vezes, todas elas na narrativa da infância (Lucas 1:27,30,34,38,39,41,46,56,
Lucas 2:5,16,19,34).
- O Evangelho de Mateus menciona seu nome
por cinco vezes, quatro delas (Mateus 1:16,18,20, Mateus 2:11) na
narrativa da infância e apenas uma vez (Mateus
13:55) fora da narrativa da infância.
- O Evangelho de Marcos cita Maria apenas
uma vez (Marcos 6:3) e a
menciona como a mãe de Jesus, sem nomeá-la, em Marcos 3:31.
- O Evangelho de João se refere a ela
duas vezes, a descreve como mãe de Jesus, mas não a menciona pelo nome.
Ela é vista pela primeira vez no casamento em Caná da Galiléia (João 2:1-12) que é
mencionado apenas neste evangelho, também é o único texto dos evangelhos
canônicos em que Maria dirige a palavra a Jesus adulto. A segunda
referência em João, também exclusivamente listada neste evangelho,
descreve a mãe de Jesus junto à cruz de seu filho com o (também não
nomeado) "discípulo a quem Jesus amava" (João 19:25-26).
- No livro dos Atos, escrito segundo Lucas, Maria e
os irmãos de Jesus são mencionados na
companhia dos onze apóstolos que estavam reunidos no cenáculo, depois da
ascensão (Atos 1:14).
- No livro do Apocalipse (Apocalipse
12:1-6), João não identifica explicitamente a "mulher
vestida de sol" como Maria de Nazaré. No entanto, alguns intérpretes
fizeram essa conexão.
Família e infância
Segundo uma tradição católica estima-se que a
Virgem teria nascido a 8 de setembro,num sábado, data em que a Igreja festeja a sua Natividade. Também é da tradição pertencer à descendência de Davi
- neste sentido existem relatos de Inácio de Antioquia, Santo Irineu,
São Justino
e de Tertuliano
- consta ainda dos "apócrifos" Evangelho do nascimento de Maria
e do Protoevangelion e é também de uma
antiga tradição que remonta ao século II
que seu pai seria São Joaquim, descendente de Davi, e que sua mãe
seria Sant'Ana,
da descendência do Sacerdote Aarão.
Alguns autores afirmam que Maria era filha de Eli, mas
a genealogia fornecida por Lucas alista o marido de Maria, São José,
como "filho de Eli". A Cyclopædia de M'Clintock e Strong diz:
"É bem conhecido que os judeus, ao elaborarem
suas tabelas genealógicas, levavam em conta apenas os varões, rejeitando o nome
da filha quando o sangue do avô era transmitido ao neto por uma filha, e
contando o marido desta filha em lugar do filho do avô materno. (Números 26:33)."
Possivelmente por este motivo Lucas diz que José era filho de Eli (Lucas 3:23).
Pelo texto Caverna dos Tesouros, atribuído a Efrém da Síria, Ana (Hannâ ou Dînâ)
era filha de Pâkôdh e seu marido se chamava Yônâkhîr. . Yônâkhîr
e Jacó eram filhos de Matã
e Sabhrath. Jacó foi o pai de José,
desta forma, José e Maria eram primos. Maria nasceu sessenta anos depois que
seu pai, São Joaquim, tomou Santa Ana
por esposa.
De acordo com o costume judaico aos três anos,
Maria teria sido apresentada no Templo de Jerusalém, é também da tradição que
ali teria permanecido até os doze anos no serviço do Senhor, quando então teria
morrido seu pai, São Joaquim.
Com a morte do pai teria se transferido para Nazaré, onde São José
morava. Três anos depois realizar-se-iam os esponsais. Os padres bolandistas,
que dirigiram a publicação da Acta
Sanctorum de 1643
a 1794,
supõem em seus estudos que São Joaquim
era irmão de São José, o que caracterizaria um caso de endogamia,
o que era comum entre os judeus.
Palavras de Maria
Nos Evangelhos Maria faz uso da palavra por sete
vezes, três delas dirigidas ao Anjo da Anunciação, o Magnificat em
resposta a Isabel, duas dirigidas ao seu Filho e uma só e última vez dirigida
aos homens (aos servos das bodas de Caná) que a Igreja Católica conserva com
todo o valor de um testamento:
- Na Anunciação:
- Como poderá ser isto, se não conheço varão? (Lucas 1:34).
- "Eis aqui a serva do senhor, faça-se em mim, segundo a Tua
palavra (Lucas 1:38)
- Na Visitação (o Magnificat):
- "A minha alma engrandece o Senhor." (Lucas 1:46-55)
- Jesus entre os doutores:
- "Filho, porque fizeste isto conosco? eis que teu pai e eu te
procurávamos angustiados." (Lucas 2:48).
Palavras dirigidas a Maria
Nos Evangelhos por oito vezes a palavra é dirigida
a Maria:
- Na Anunciação:
- A saudação do anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo.
(Lucas 1:28).
- O anúncio da Encarnação: Eis que conceberás no teu seio e darás
à luz um filho a quem porás o nome de Jesus. (Lucas 1:30-33).
- Por obra e graça do Espírito Santo: O Espírito Santo descerá
sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso
também o que nascer será chamado Santo, Filho de Deus. (Lucas 1:35-37).
- A Profecia de Simeão:
- Simeão Lhe fala da espada que trespassará o coração: ...e uma
espada trespassará a tua própria alma a fim de que se descubram os
pensamentos de muitos corações. (Lucas 2:34).
- Na Visitação:
- Isabel ao responder à sua saudação: Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! (Lucas 1:42-45).
- Jesus entre os doutores:
- O Menino-Deus a responde no templo: Por que me buscáveis? Não
sabíeis que devo estar na casa de meu Pai? (Lucas 2:49)
- Nas Bodas de Caná:
- Cristo:Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha
hora ainda não chegou. (João 2:4)
- Stabat Mater:
- Por Cristo na Cruz: Jesus, vendo a sua Mãe e, junto d'Ela, o
discípulo que amava, disse à sua Mãe: "Mulher, eis aí o teu
filho." Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua Mãe." E
daquela hora em diante o discípulo a levou para sua casa. (Lucas 19:26-27).
As sete dores de Maria
A historiografia de Maria colhe uma tradição
fundada nos evangelhos que venera as suas Sete Dores, são sete momentos
da sua vida em que passou por sofrimento humano notável:
- Primeira dor: a profecia de Simeão.
- Segunda dor: a fuga para o Egipto.
- Terceira dor: Jesus perdido no Templo.
- Quarta dor: Maria encontra o seu Filho com a cruz a caminho do Calvário.
- Quinta dor: Jesus morre na Cruz.
- Sexta dor: Jesus é descido da Cruz e entregue a
sua Mãe.
- Sétima dor: o corpo de Jesus é sepultado.
Devoção cristã
2ª a 5º
Século
A devoção cristã a Maria mostra claros sinais no
início do século II e antecede o surgimento de um sistema específico litúrgico
mariano no século V, após o Primeiro Concílio de Éfeso em 431. O
próprio conselho foi realizada em uma igreja que havia sido dedicada a Maria
cerca de cem anos antes. No Egito, a veneração a Maria tinha começado no século
III e o termo Theotokos
foi usado por Orígenes, o pai da Igreja de Alexandria.
A mais antiga oração mariana que se conhece (o sub
tuum praesidium, ou sob vossa proteção) é do início do 2° século e
seu texto foi redescoberto em 1917 em um papiro no Egito.22
23
Após o Édito de Milão em 313, imagens artísticas de
Maria começaram a aparecer em maior número em grandes igrejas estavam sendo
dedicadas a ela, como por exemplo, a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
Idade Média
Durante a Idade Média muitas lendas surgiram sobre
Maria, sobre seus pais e até mesmo avós.
Após a Reforma
Ao longo dos séculos, a devoção a Maria tem variado
entre as tradições cristãs. Por exemplo, enquanto os protestantes dão pouca
atenção aos hinos e orações marianas, os ortodoxos veneram a mãe de Jesus e a
consideram "mais ilustre do que os Querubins
e mais gloriosa que os Serafins.
O teólogo ortodoxo Sergei
Bulgakov escreveu: "O amor e a veneração a Virgem Maria é a
alma da devoção ortodoxa. A fé em Cristo, que não inclui sua mãe, é uma outra
fé."
Embora os católicos honrem e venerem Maria, não a
vêem como divina e muito menos a adoram. Os católicos creem que Maria é
subordinada a Cristo, mas ainda assim, ela está acima de todas as outras
criaturas. Da mesma forma, o teólogo Sergei
Bulgakov escreveu que, embora a Igreja Ortodoxa acredite em Maria
como superiora a todos os seres criados e incessantemente ore por sua
intercessão, ela não é considerada uma "substituta do único
mediador", que é Cristo. Também escreve "Que Maria seja honrada, mas
a adoração deve ser dada ao Senhor".
Os católicos utilizam o termo hiperdulia
para definir a veneração a Maria, ao invés de latria, que
se aplica exclusivamente a Deus e dulia, que se aplica
aos outros santos e santas. A definição da hierarquia de culto em três níveis, latria,
hiperdulia e dulia, remonta ao Segundo Concílio de Niceia, em 787.
As devoções a representações artísticas de Maria
variam entre as tradições cristãs. Existe uma longa tradição da arte mariana
Católica Romana e nenhuma imagem permeia essa arte como a Virgem com o Menino Jesus.
O ícone da virgem é sem dúvida o ícone mais venerado entre os ortodoxos. Tanto
católicos romanos quanto ortodoxos veneram as imagens e ícones de Maria, dado
que o Segundo Concílio de Niceia, em 787,
permitia essa veneração dos católicos com o entendimento de que aqueles que
veneram a imagem estão venerando na realidade a pessoa que ela representa, e o
Sínodo de Constantinopla em 842, estabeleceu o mesmo para os ortodoxos. Os
ortodoxos, no entanto, apenas oram e veneram imagens bidimensionais e não estátuas
tridimensionais.
A posição anglicana
em relação a Maria é mais conciliadora do que os protestantes em geral e em um
livro sobre a oração com os ícones de Maria escrito por Rowan Williams, Arcebispo de Cantuária, ele diz: "Não
se trata apenas de não podermos compreender Maria sem vê-la fazendo referência
a Cristo; não podemos entender a Cristo sem dar atenção a Maria."
Títulos
Títulos para homenagear Maria ou para pedir a sua
intercessão por determinadas causas são usados por algumas tradições cristãs
(tais como a Igreja Ortodoxa e a Igreja
Católica) e por outras não (por exemplo, o Protestantismo).
Os títulos mais conhecidos são Maria, Mãe de
Deus (Theotókos), Santíssima Virgem Maria, Nossa
Senhora e Rainha do Céu (Regina Caeli).
Títulos específicos variam entre os pontos de vista
ecumênicos, católicos, ortodoxos, anglicanos, luteranos, protestantes, islâmicos
e mórmons.
Maria é chamada de Theotokos pela Igreja
Ortodoxa, Igreja Ortodoxa Oriental, Igreja
Luterana, Igreja Anglicana e Igreja
Católica, um título reconhecido no Terceiro Concílio Ecumênico (realizada em
Éfeso, para abordar os ensinamentos de Nestório,
em 431). Theotokos (e seu equivalente em latim, Deipara e Dei
genetrix) significa literalmente "portadora de Deus". A frase
equivalente "Mater Dei" (Mãe de Deus) é mais comum na América e na Igreja Católica de Rito Latino.
O Concílio declarou que os pais da Igreja "não hesitaram em falar da Santa
Virgem como Mãe de Deus".
Alguns títulos possuem base bíblica, como por
exemplo, Mãe Rainha, título dado a Maria por ela ser a mãe de Jesus, que
por vezes é chamado de "Rei dos Reis" devido à sua linhagem que
remonta ao rei Davi.
A base bíblica para a o termo rainha pode ser vista em Lucas 1:32 e no livro do
profeta Isaías 9:6, e Mãe
Rainha a partir de 1 Reis 2:19-20 e Jeremias 13:18-19. Outros
títulos surgiram a partir de milagres relatados, aparições ou ocasiões
especiais, como por exemplo, Nossa Senhora do Bom Conselho, Nossa Senhora dos Navegantes ou Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Os três principais títulos de Maria usados pelos
ortodoxos são Theotokos ou Mãe de Deus (em grego Θεοτόκος), Aeiparthenos
ou Sempre Virgem (em grego ἀειπαρθὲνος), como confirmado no Quinto Concílio Ecumênico
em 553, e Panagia ou toda santa (em grego Παναγία). Um grande
número de títulos são dados a Maria pelos católicos, e estes títulos têm, por
sua vez, dado origem a muitas representações artísticas, por exemplo o título
de Nossa Senhora das Dores, que resultou em
obras-primas como Pietà de Michelangelo.
Festas
Marianas
As primeiras festas relacionadas a Maria cresceram fora do ciclo de festas que celebravam a natividade de Jesus. Segundo o Evangelho de Lucas (Lucas 2:22-40), quarenta dias após o nascimento de Jesus, juntamente com a apresentação de Jesus no templo, Maria foi purificada de acordo com os costumes judaicos, a Festa da Purificação começou a ser celebrada por volta do século V e se tornou a Festa de Simeão em Bizâncio.
Nos séculos VII e VIII, quatro festas marianas
foram criadas na Igreja Oriental. Na Igreja Católica de Rito Latino
uma festa dedicada a Maria, pouco antes do Natal, foi comemorada nas Igrejas de
Milão
e Ravenna,
na Itália, no século VII. As quatro festas marianas da Purificação, Anunciação,
Assunção e Natividade de Maria foram gradativamente e esporadicamente,
introduzidas na Inglaterra no século XI.
Com o tempo, o número e a natureza das festas (e
dos títulos associados a Maria)
e as práticas venerativas que as acompanham têm variado muito entre as diversas
tradições cristãs. De um modo geral, são significativamente mais títulos,
festas e práticas venerativas marianas entre os católicos do que quaisquer
outras tradições. Algumas festas fazem referência a eventos específicos, por
exemplo, a festa de Nossa Senhora da Vitória foi baseada na vitória em 1571 dos
Estados Papais na Batalha de Lepanto.
A diferenças nas festas também podem se originar a
partir de questões doutrinárias – a Assunção de Maria e a Dormição de Maria são um exemplo, dado que não
há um acordo entre todos os cristãos sobre as circunstâncias do fim da mãe de
Jesus. Enquanto a Igreja Católica celebra a festa da Assunção em
15 de Agosto, alguns católicos orientais celebram a Dormição da
Theotokos em 28 de Agosto, se eles seguirem o calendário juliano. A Igreja
Ortodoxa também celebra a Dormição da Theotokos, uma de suas doze
grandes festas. Os protestantes não celebram estas ou quaisquer outras festas
marianas.
Doutrina cristã
Há uma diversidade entre as doutrinas marianas das
igrejas cristãs, as principais delas podem ser descritas resumidamente da
seguinte forma:
- Mãe de
Deus: afirma que Maria, por ser a mãe de Jesus é, portanto, a
mãe de Deus.
- Nascimento virginal de Jesus:
afirma que Maria concebeu Jesus milagrosamente pela ação do Espírito Santo, permanecendo virgem após o
parto.
- Dormição: afirma que Maria entrou em
sono profundo, antes de sua morte natural.
- Assunção: afirma que Maria foi levada
de corpo e alma para o céu.
- Imaculada Conceição: afirma que Maria
foi concebida sem pecado original.
- Perpétua
Virgindade: afirma que Maria permaneceu virgem durante toda a
sua vida.
A aceitação destas doutrinas por cristãos podem ser
classificadas como se segue:
Doutrina
|
Definida
em
|
Aceita por
|
Nascimento virginal de Jesus
|
Católicos Romanos, Ortodoxos, Anglicanos,
Luteranos
Protestantes, Mórmons |
|
Mãe de Deus ("Theotokos")
|
Católicos Romanos, Ortodoxos, Anglicanos,
Luteranos, Metodistas
Mórmons (como Mãe do Filho de Deus) |
|
Perpétua Virgindade
|
Católicos Romanos, Ortodoxos, alguns Anglicanos e
alguns Luteranos
|
|
Imaculada Conceição
|
Ineffabilis
Deus
encíclica do Papa Pio IX, 1854 |
Católicos Romanos, alguns Anglicanos e alguns
Luteranos
|
Assunção de Maria
|
Munificentissimus Deus
encíclica do Papa Pio XII, 1950 |
Católicos Romanos, Ortodoxos, alguns Anglicanos e
alguns Luteranos
|
No Credo de Nicéia
(constituído no Primeiro Concílio de Niceia, em 325) a
Igreja se referia a Jesus Cristo como o próprio Deus. Posteriormente, no Primeiro Concílio de Éfeso, realizado na
Igreja de Maria em 431, o dogma Mãe de Deus (Theotokos) foi proclamado.
Esta doutrina é aceita por algumas das principais tradições cristãs. A New
Catholic Encyclopedia diz: "Maria é realmente a mãe de Deus, se se
satisfizerem duas condições: que ela é realmente a mãe de Jesus e que Jesus é
realmente Deus."60
O termo Mãe de Deus já havia sido usado na mais antiga oração a Maria que se
conhece, sub tuum praesidium, que data de aproximadamente 250 AC.61
Segundo São Tomás de Aquino: "A Santíssima Virgem,
por ser Mãe de Deus, possui uma dignidade, de certo modo infinita, derivada do
bem infinito que é Deus".
O nascimento virginal de Jesus tem sido uma
crença universalmente aceita entre os cristãos desde o século II,63
ela está incluída nos dois credos cristãos mais utilizados, o Credo Niceno-Constantinopolitano
e o Credo dos Apóstolos. O Evangelho de Mateus
descreve Maria como a virgem que cumpre a profecia de Isaías 7:14. Os autores
dos Evangelhos de Mateus e Lucas consideram a concepção de Jesus não como
resultado de relações sexuais com José ou qualquer outra pessoa (afirmam que Maria
"não teve relações com homem algum" antes do nascimento de Jesus em Mateus 1:18, 25 e Lucas 1:34), mas sim como
obra de Deus, pela ação Espírito
Santo.
As doutrinas da Assunção ou Dormição
de Maria estão relacionadas com a morte e assunção corpórea da virgem ao céu. Enquanto a Igreja Católica Romana criou o dogma da assunção (ou seja, que a Maria
foi para o céu de corpo e alma, embora não se saiba ao certo que tenha
acontecido a dormição) a Igreja Ortodoxa acredita na Dormição , embora
nem todos os teólogos aceitem a Assunção, ainda que essa seja uma tradição
antiquíssima.
Os católicos romanos acreditam na Imaculada
Conceição de Maria, proclamada em Ex Cathedra pelo Papa Pio IX
em 1854. Este dogma afirma que ela estava cheia de graça, desde o momento de
sua concepção no ventre de sua mãe, sendo preservada da mancha do pecado
original. A Igreja Católica Romana tem uma festa litúrgica com esse
nome, que é comemorada em 8 de Dezembro.67
A Igreja Ortodoxa rejeita a Imaculada Conceição, principalmente porque a sua
compreensão do pecado original difere das idéias da Igreja Católica Romana.
A virgindade perpétua de Maria afirma que
Maria foi virgem antes, durante e após o nascimento do filho de Deus feito
homem. O termo Sempre Virgem (do grego ἀειπάρθενος) é aplicado neste
caso, afirmando que Maria permaneceu virgem
durante toda a sua vida, fazendo com que a concepção e nascimento de Jesus, seu filho único, sejam
considerados atos milagrosos.64
65
69
Perspectivas
sobre Maria
Perspectivas cristãs
As perspectivas cristãs marianas incluem uma grande
variedade de opiniões. Enquanto alguns cristãos, como os católicos romanos e
ortodoxos orientais, têm bem estabelecido tradições marianas, protestantes em
geral dão pouca atenção para esse tema. A Igreja Católica Romana, Igreja
Ortodoxa, Igreja Ortodoxa Oriental, Igreja Anglicana e Igreja Luterana veneram
a virgem maria, cada um de um modo diverso.
A veneração pode assumir a forma de oração, pedindo
a intercessão dela juntamente com o seu Filho, Jesus Cristo, e também de
composições de poemas e canções, pinturas e esculturas, títulos em sua
homenagem, revelando uma posição de destaque em relação aos demais santos e
santas.
No
Catolicismo Romano
Na Igreja
Católica, Maria é reconhecida pelo título de bem-aventurada,
em reconhecimento a sua assunção ao céu e a sua capacidade de
interceder em favor daqueles que recorrem a ela por meio de orações e práticas
devocionais. Os ensinamentos católicos deixam claro que Maria não é considerada
divina e orações a ela dirigidas não são respondidas por ela, mas por Deus. Os
cinco dogmas católicos em relação a Maria são: Mãe de Deus,
Nascimento virginal de Jesus, Perpétua Virgindade de Maria,
Imaculada Conceição e Assunção de Maria.
Mais do que em qualquer outro grupo cristão, a
Santíssima Virgem ocupa um lugar destacado entre os católicos, que além de
possuírem doutrinas e ensinamentos teológicos relacionados a Maria, também
celebram as festas em honra aos seus títulos, cantam hinos, rezam uma variedade
de orações e peregrinam a templos marianos. O Catecismo da Igreja Católica diz que
"A devoção da Igreja à Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão".
Os católicos romanos têm realizado atos de
consagração a Maria em diferentes níveis, seja pessoal, social ou regional.
Ensinamentos católicos afirmam que a consagração a Maria não diminui ou
substitui o amor por Deus, muito pelo contrário, o reforça, portanto, todas as
consagrações são de certa forma feitas a Deus.
O crescimento da devoção mariana no século XVI,
inspirou santos católicos a escreverem livros como Glórias de Maria (de Afonso de Ligório) e Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria (de Louis-Marie Grignion), que
enfatizam a veneração mariana e ensinam que "o caminho para Jesus é por
intermédio de Maria". Devoções marianas são, às vezes, ligadas à devoção cristocêntrica,
como por exemplo, a Aliança dos
Corações de Jesus e Maria.
As principais devoções a Maria incluem as Sete Dores de Maria, o Santo Rosário
e o Escapulário, e as principais orações são Ave Maria,
Angelus,
Salve Rainha,
Lembrai-vos
e o Magnificat.
Os meses de Maio e Outubro são meses tradicionalmente marianos para os
católicos romanos. Em Outubro, o rosário diário é incentivado e em Maio,
práticas devocionais tem o seu ápice em muitas regiões.
Papas emitiram uma série de encíclicas e
cartas apostólicas marianas para incentivar a devoção e veneração a
Virgem Maria, como por exemplo, Redentoris
Mater de João Paulo II, onde ele começou com a frase "A Mãe
do Redentor tem um lugar bem preciso no plano da salvação", enfatizando a
participação de Maria no processo de salvação e redenção.
Católicos colocam grande ênfase sobre o papel de
Maria como protetora e intercessora, o Catecismo da Igreja Católica se refere
a Maria como "Mãe de Deus cuja proteção é fiel em todos os perigos e
necessidades".
No século XX, João Paulo II
e o cardeal Joseph Ratzinger enfatizaram o foco mariano na
Igreja. O futuro Bento XVI, quando sugeriu um redirecionamento
de toda a Igreja ao programa do Papa João Paulo II, a fim de assegurar uma
abordagem autêntica à cristologia através de um retorno à "verdade sobre
Maria" , escreveu:
É necessário voltar-se a Maria se quisermos
retornar à verdade sobre Jesus Cristo, a verdade sobre a Igreja e a verdade
sobre o homem.
|
No Protestantismo
Protestantes em geral rejeitam a veneração e
invocação dos santos. Protestantes sustentam que Maria era a mãe de Jesus,
porém, era uma mulher comum dedicada a Deus, portanto, não há nenhuma
veneração, festas, peregrinações, artes, músicas ou algum tipo de
espiritualidade dedicada a Maria nas comunidades protestantes de hoje. No
âmbito destas opiniões, crenças e práticas católicas romanas, são por vezes
rejeitadas. O teólogo Karl Barth, por exemplo, escreveu que "a
heresia da Igreja Católica é a sua Mariologia".
Alguns dos primeiros protestantes veneravam e
honravam Maria. Martinho Lutero escreveu que: "Maria é
cheia de graça, proclamada para ser inteiramente sem pecado. A graça de Deus
enche-la com tudo de bom e faz com que ela desprovida de todo o mal". No
entanto, a partir de 1532, Lutero deixou de celebrar a festa da Assunção de Maria e também interrompeu o seu
apoio a Imaculada Conceição.
No texto do Magnificat
(registrado em Lucas 1:46-55), Maria proclama Minha alma se alegra em Deus
meu Salvador. A necessidade de um salvador pessoal é vista pelos
protestantes como a expressão de que Maria nunca pensou em si mesma como
"concebida sem pecado".
João Calvino
disse: "Não se pode negar que Deus, na escolha e destinação de Maria para
ser a Mãe do seu Filho, concedeu-lhe a maior honra". No entanto, Calvino
rejeitou firmemente a idéia de que alguém, além de Cristo, tenha poder de
interceder pelo homem.
Embora Calvino e Ulrico
Zuínglio honrem Maria como a Mãe de Deus no século XVI, eles
fizeram-no menos do que Martinho Lutero. Assim, a idéia de respeitar e honrar
Maria não foi rejeitada pelos primeiros protestantes, porém, chegaram a
criticar os católicos romanos pelo modo como veneravam Maria. Após o Concílio de Trento no século XVI, a veneração
mariana tornou-se associada aos católicos e o interesse protestante em Maria
diminuiu. Durante a idade do Iluminismo, o interesse em Maria dentro de igrejas
protestantes quase desapareceu, embora anglicanos e luteranos continuassem a
honrá-la de algum modo.
Protestantes reconhecem que Maria é "bendita
entre as mulheres" (Lucas 1:42), mas eles não concordam que Maria deve ser
venerada. Ela é considerada um excelente exemplo de uma vida dedicada a Deus.
No século XX, os protestantes reagiram em oposição
ao dogma católico da Assunção de Maria. O tom conservador do Concílio Vaticano II começou a reparar as
diferenças ecumênicas e protestantes começaram a demonstrar interesse em temas
marianos. Em 1997 e 1998, houve diálogos ecumênicos entre católicos e
protestantes, mas até agora, a maioria dos protestantes dão pouca atenção a
questões marianas, muitas vezes enxergam esse assunto como um desafio à autoridade
das Escrituras.
Alguns livros de orações luteranos e anglicanos
contém a oração "Ave Maria" em sua versão pré-Trindentina que não possuia a frase: Santa
Maria, Mãe de Deus, rogai por nós agora e na hora de nossa morte, que foi
adicionada pela Igreja Católica Romana em 1566
No
Luteranismo
Apesar de ásperas polêmicas de Martinho
Lutero contra os seus adversários católicos romanos sobre questões
relativas à Maria e aos santos, teólogos parecem concordar que Lutero aderiu ao
decretos marianos dos concílios ecumênicos e dos dogmas da igreja.
Ele apegou-se à crença de que Maria era virgem perpétua e Mãe de Deus
(Theotokos). Uma atenção especial é dada a afirmação de que Lutero, cerca de
trezentos anos antes da dogmatização da Imaculada Conceição pelo Papa Pio IX em
1854, era um firme adepto dessa visão. Outros sustentam que Lutero, nos últimos
anos, mudou sua posição em relação a Imaculada Conceição, que naquele tempo era
indefinido na Igreja (entretando, mantinha-se a idéia da impecabilidade de
Maria ao longo de sua vida). Para Lutero, nos primeiros anos de sua vida, a Assunção de Maria foi um fato compreendido,
embora posteriormente ele tenha deixado de celebrar essa festa afirmado que a
Bíblia não diz nada sobre isso. "Ao longo de sua carreira como um padre,
professor e reformador, Lutero pregou, ensinou e argumentou sobre a veneração a
Maria com uma verbosidade que variava de piedade infantil a polêmicas
sofisticadas. Suas opiniões estão intimamente ligadas à sua teologia
cristocêntrica e suas conseqüências para a liturgia e a piedade".110
Lutero, ao mesmo tempo em que reverenciava Maria, chegou a criticar os
"papistas" por ofuscar a admiração da alta graça de Deus com serviços
religiosos dados a outras criaturas. Ele considerou a prática católica romana
de celebrar o dia dos santos
e fazer pedidos de intercessão dirigindo-se a eles e a Maria como idolatria.
Suas considerações finais sobre a devoção e veneração mariana são preservadas
em um sermão em Wittenberg, um mês antes de sua morte:
Portanto, quando pregamos a fé de que não devemos
adorar nada além de Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, como dizemos no
Credo: "Creio em Deus Pai todo-poderoso e em Jesus Cristo", então estamos
permanecendo no templo de Jerusalém. Mais uma vez, "Este é meu Filho
amado, ouvi-lo". "Você vai encontrá-lo numa manjedoura". Ele
somente faz isso. Mas a razão diz o oposto: "O que, nós? Devemos adorar
somente a Cristo? Na verdade, não deveríamos também homenagear a santa mãe de
Cristo? Ela é a mulher que esmagou a cabeça da serpente. Ouve-nos, Maria,
porque o teu Filho a ti honra e ele não pode recusar-te nada. Aqui Bernardo foi longe demais em sua Homilies
on the Gospel: Missus est Angelus.113
Deus ordenou que devemos honrar os pais, por isso clamo a Maria. Ela vai interceder
por mim com o Filho e o Filho com o Pai, que vai ouvir o Filho. Então você
tem a imagem de Deus com raiva e Cristo como juiz; Maria mostra a Cristo seu
seio e Cristo mostra suas chagas para o Pai irado (...) Maria é a mãe de
Cristo, certamente Cristo irá ouvi-la; Cristo é um juiz severo, por isso
clamo a São Jorge ou a São Cristóvão. Não, temos sido por ordem de
Deus batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, assim como os
judeus eram circuncidados.114
115
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No entanto, certas igrejas luteranas, como a Igreja Católica Anglo-Luterana,
continuam a venerar Maria e os santos da mesma forma que os católicos romanos
fazem, sustentando todos os dogmas marianos como parte de sua fé.
No Metodismo
Na Igreja
Metodista Unida, bem como em outras igrejas metodistas,
não há escritos oficiais ou ensinamentos sobre a Virgem Maria, exceto o que é
mencionado na Bíblia e nos credos ecumênicos. Acreditam que Cristo foi
concebido no ventre de Maria por meio do Espírito Santo e que ela deu à luz
como uma virgem. John Wesley, clérigo anglicano
fundador do movimento metodista, acreditava que a Virgem Maria foi uma virgem
perpétua, ou seja, ela nunca teve relações sexuais.117
118
A Igreja sustenta que Maria era virgem antes, durante e imediatamente após o
nascimento de Cristo. Enquanto muitos metodistas rejeitam este conceito, outros
acreditam.
A partir desta afirmação, metodistas rejeitam as
idéias católicas de Maria como corredentora
e medianeira
da fé. As Igrejas Metodistas não concordam com a veneração
dos santos, de Maria e de relíquias, acreditando que a reverência e louvor são
unicamente para Deus. No entanto, estudando a vida de Maria e as biografias de
santos, é considerado adequado a visão deles como exemplos de bons cristãos.122
As Igrejas Metodistas rejeitam as doutrinas da Imaculada Conceição e da Assunção de Maria, afirmando que Cristo foi a
única pessoa a viver uma vida sem pecado e subiu de corpo e alma ao céu.
Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Na primeira edição do Livro de
Mórmon (1830), Maria foi referida como "a mãe de Deus, à
maneira da carne", frase que foi alterada por Joseph Smith
para "mãe do Filho de Deus" em todas as seguintes edições (1837 -).
No
Antitrinitarismo
Antitrinitários,
como os unitaristas,
cristadelfianos
e as testemunhas de Jeová127
consideram Maria como a mãe de Jesus. Eles não consideram Jesus como Deus e não consideram
Maria como a Mãe de Deus. Igrejas não trinitárias costumam crer no mortalismo, orações e práticas devocionais a
Maria (a quem eles consideram estar em "sono profundo" aguardando a
ressurreição) não fazem parte de suas doutrinas.128
Emanuel Swedenborg diz que Deus não poderia
abordar diretamente os maus espíritos para resgatar os bons espíritos sem destruí-los
(Êxodo 33:20, João 1:18), assim, Deus engravidou Maria dando a Jesus Cristo o
acesso para o mal da hereditariedade da raça humana, a qual ele poderia se
aproximar, redimir e salvar.
No Islamismo
Maria, a mãe de Jesus, é mencionada como Maryam no Alcorão,
onde aparece mais do que em todo o Novo
Testamento. Ela desfruta de uma posição singularmente distinta e
honrada entre as mulheres no Alcorão. Uma Sura (capítulo) do Alcorão
é intitulada "Maryam" (Maria), a única Sura do Alcorão
com o nome de uma mulher, em que a história de Maria (Maryam) e Jesus (Isa)
é contada segundo a visão islâmica.
Ela é mencionada no Alcorão
com o título de Nossa Senhora (syyidatuna), filha de Imran e Hannah.
Ela é a única mulher nomeada diretamente no
Alcorão, declarada (junto com Jesus) ser um sinal de Deus para a humanidade (Al-Muminun,
23:50);
aquela que guardava a sua castidade; a obediente (At-Tahrim,
66:12);
escolhida por sua mãe e dedicada a Deus, enquanto ainda estava no ventre (Al-i-Imran,
3:36);
exclusivamente (entre mulheres) aceita em serviço de Deus, entregue aos
cuidados de um dos profetas do Islã, Zakariya (Zacarias) (Al-i-Imran,
3:37);
em sua infância residiu no Templo de Salomão e tinha acesso exclusivo ao
Al-Mihrab
(entende-se como o Santo dos Santos) (Al-i-Imran,
3:37).
Maria também é chamada de a escolhida, a
purificada (Al-i-Imran, 3:42);
a sinceríssima (Al-Ma'ida, 5:75);
seu filho foi concebido por meio da ação de Deus (Al-i-Imran,
3:45);
e exaltada acima de todas as mulheres da humanidade (Al-i-Imran,
3:42).
O Alcorão relata narrativas detalhadas de Maryam
(Maria) em dois lugares, Sura 3 e Sura 19.
As crenças de que Maria foi concebida sem pecado e que ela permaneceu virgem
após o parto são aceitas pelos muçulmanos. O relato feito na Sura 19 do Alcorão
é quase idêntica ao Evangelho de Lucas, ambos começam com a visita de um anjo a
Zakariya (Zacarias) com a boa nova do nascimento de Yahya (João Batista),
seguido pela anunciação.
Na tradição islâmica, Maria e Jesus eram as únicas
crianças que não poderiam ser tocadas por Satanás
no momento de seu nascimento, pois Deus impôs um véu entre eles e o anjo caído.
Segundo o autor Shabbir Akhtar, a perspectiva islâmica sobre a Imaculada Conceição de Maria é compatível com a
doutrina católica de mesmo nome.
O Alcorão diz que Jesus foi o resultado de um
nascimento virginal. O relato mais detalhado da anunciação e nascimento de
Jesus é fornecido na Sura 3 e 19 do Alcorão, onde está escrito que Deus enviou
um anjo para anunciar que ela em breve teria um filho, apesar de ser uma
virgem.
Outras
perspectivas
No Paganismo
Romano
Desde o início do cristianismo, a crença na
virgindade de Maria e na concepção virginal de Jesus (como indicado nos
evangelhos, fenômenos santos e sobrenaturais), foram usadas por detratores,
políticos e religiosos, como tópicos de discussões, debates e escritos,
especificamente destinados a desafiar a divindade de Jesus e, portanto, os
cristãos e o cristianismo. No século II, o filósofo grego Celsus, defensor do
politeísmo, sugeriu que Jesus era o filho ilegítimo de um soldado romano
chamado Panthera, essa foi uma das primeiras polêmicas anti-cristãs. As
opiniões de Celsus chamaram a atenção de Orígenes,
padre da Igreja em Alexandria, Egito, que considerou o ponto de vista dele uma
história inventada. O quanto Celsus se baseou em fontes judaicas continua a ser
um tema de discussão.
No Judaísmo
A questão dos parentes de Jesus no Talmude
também afeta a visão de sua mãe. No entanto, o Talmude não menciona Maria pelo
nome e é atencioso ao invés de apenas polêmico. A história sobre Panthera
também é encontrada no Toledot Yeshu, as origens literárias não podem
ser rastreadas com toda a certeza, mas é improvável que seja anterior ao século
IV, sendo tarde demais para incluir lembranças autênticas de Jesus. The
Blackwell Companion to Jesus afirma que o Toledot Yeshu não tem fatos
históricos e talvez tenha sido criado como uma ferramenta para afastar as
conversões ao cristianismo.149
O nome Panthera pode ser uma distorção do termo parthenos (virgem),
Raymond E. Brown considera a história uma explicação fantasiosa do nascimento
de Jesus, que inclui pouquíssimas evidências.
Na Arábia do quarto século
De acordo com o heresiologista do século IV, Epifânio,
em sua obra intitulada Panarion, a Virgem Maria era adorada como uma deusa mãe
na seita árabe conhecida como coliridianismo,
grupo composto principalmente por mulheres, tendo ainda muitas sacerdotisas que
faziam oferendas de pães para a Virgem Maria, juntamente com outras práticas. O
grupo foi condenado como herético pela Igreja Católica Romana.
Estudo do Jesus histórico
Até hoje estudiosos continuam a discutir a data do
nascimento de Jesus a partir de várias perspectivas, incluindo análise textual,
registros históricos e testemunhas pós-apostólicas. Bart D. Ehrman sugeriu que
o método histórico nunca poderá comentar sobre a possibilidade de aspectos
sobrenaturais.
A declaração em Mateus 1:25 de que "José não
conheceu Maria até que ela deu à luz um filho" tem sido debatida entre os
estudiosos, alguns sugerindo que Maria não permaneceu virgem durante toda a sua
vida.154
Outros estudiosos afirmam que palavra grega hoes (ou seja, até) denota um
estado até certo ponto, mas não significa que o estado terminou depois desse
ponto, e que Mateus 1:25 não confirma ou nega a virgindade de Maria após o
nascimento de Jesus.
Outros versos bíblicos também foram debatidos, como
por exemplo, a referência em Romanos 1:3 de que Jesus vinha "da
descendência de Davi segundo a carne", supondo-se que São José é o pai de
Jesus.158
No entanto, a maioria dos estudiosos rejeitam essa interpretação, dado que
Paulo usou a palavra grega genomenos (ou seja, tornar-se), a
"descendência de Davi" provavelmente se refere a linhagem de Maria.
Representação nas artes
A devoção e o culto à Virgem Maria têm sido
expresso nas artes em especial na arte sacra
e na arte religiosa desde os tempos dos Padres da
Igreja até os tempos modernos, ressaltando-se sobre o tema os
grandes mestres do Renascentismo e do Barroco.
No barroco mineiro as obras do Aleijadinho,
tanto os afrescos como as esculturas, são também obras notáveis de
representação da Virgem.
Literatura
Muitos autores escreveram sobre Maria e suas
virtudes e predicados, dentre eles Dante
Alighieri na sua obra A Divina Comédia: És tão grande, Senhora, e
tão poderosa, que quem pretenda alcançar uma graça sem recorrer a ti, deseja o
impossível de voar sem asas. (Paraíso XXXIII, 13-15). Miguel de Cervantes, em "El licenciado
Vidriera"; García Lorca, em "Romancero Gitano"; Tagore, em
"La luna nueva" e famoso ainda é o "Poema à Virgem" de José de Anchieta, dentre muitas outras obras
literárias e poéticas.
Escultura
São inúmeras as esculturas representando Maria. A
sua mais famosa representação é a Pietà de Michelangelo que se encontra na Basílica de São Pedro no Vaticano.
No Brasil destacam-se, principalmente no período barroco, as obras de A.