Oxalá
Oxalá, Orixalá, Orixaguinã, Gunocô ou Obatalá é
o orixá associado à criação do mundo e da espécie humana.
Apresenta-se de várias maneiras (qualidades) sendo as duas principais
qualidades: a forma jovem, em que Oxalá é chamado de Oxaguiã e seus símbolos são uma idá (espada), um pilão de metal branco e um escudo. Na sua forma idosa,
Oxalá é chamado Oxalufã e seu símbolo é um cajado
de metal chamado opaxorô.
A cor de Oxaguiam é o branco levemente mesclado com azul no candomblé e
somente branco no batuque do RGS; a de Oxalufam é somente branco de gossa em
ambos. O dia consagrado para oxalá moço é a sexta-feira e o domingo para oxalá velho e oxalá de
orumilaia. Sua saudação é èpao, èpa bàbá! Oxalá é considerado e
cultuado como o maior e mais respeitado de todos os orixás do panteão africano.
Simboliza a paz, é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana.
Oxalá significa luz (oxa) branca (alá); É calmo, sereno, pacificador;
é o criador e, portanto, é respeitado por
todos os orixás e todas as nações. A
Oxalá pertencem os olhos que veem tudo.
Etimologia
"Oxalufã", "Oxaguiã" e "Obatalá" são
termos procedentes da língua iorubá.
Não confundir com o homônimo oxalá , palavra da língua portuguesa
utilizada como interjeição para expressar o desejo que algo
aconteça. É sinônimo de "tomara" ou "queira Deus".
Esta palavra tem origem na expressão árabe in shaa Allaah, cujo
significado é “se Deus quiser”. Em espanhol teve desenvolvimento semelhante e
deu origem à palavra ojalá, exatamente com o mesmo significado de
oxalá em português.
Arquétipo
As pessoas de Oxalá são calmas, responsáveis, reservadas e de muita
confiança. Rejeitam a violência em todas as suas formas. Seus ideais são
levados até o fim, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias a suas opiniões
e projetos. Gostam de dominar e liderar as pessoas. São muito dedicados,
caprichosos, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho. Respeitam
a todos mas exigem ser respeitados. Perdoam facilmente, sabem ver que
sentimentos negativos só atrasam. Sabem conquistar com seu jeitinho elegante e
sincero. São calmos e dóceis, andam com a postura reta, que representa sua
natural elegância. Tem gostos caros e apreciam um bom vinho. São extremamente
teimosos e orgulhosos. Porém gostam muito de trabalhar e ajudar os
necessitados, são muitas vezes defensores dos injustiçados, dos fracos e dos
oprimidos. Pensam muito, e avaliam metodicamente cada situação, quando
desanimam, não há o que os faça voltar atrás. São excelentes pais de família e
líderes natos.
Lenda: Oxalá e o
Saco da Criação
Olodumaré entregou a Oxalá o saco da criação para que ele criasse o
mundo. Essa missão, porém, não lhe dava o direito de deixar de cumprir algumas
obrigações para outros Orixás e Exu, aos quais ele deveria fazer alguns
sacrifícios e oferendas. Oxalá pôs-se a caminho apoiado em um grande cajado, o
Paxorô. No momento em que deveria ultrapassar a porta do Orun,
encontrou-se com Exu que, descontente porque Oxalá se negara a fazer suas
oferendas, resolveu vingar-se, e provocou-lhe uma sede intensa. Oxalá não teve
outro recurso senão o de furar a casca de um tronco de um dendezeiro para saciar sua sede.
Era o vinho de palma, também
conhecido como emu e oguro, o qual Oxalá bebeu
intensamente. Bêbado, não sabia onde estava e caiu adormecido. Apareceu, então,
Olófin Odùduà, que, vendo o grande orixá adormecido, roubou-lhe o saco da
criação e, em seguida, foi à procura de Olodumaré para mostrar o que achara e
contar em que estado Oxalá se encontrava. Olodumaré disse, então, que "se
ele está neste estado, vá você a Odùduà, vá você criar o mundo". Odùduà
foi, então, em busca da criação e encontrou um universo de água, e aí deixou
cair do saco o que estava dentro. Era terra. Formou-se então um montinho que
ultrapassou a superfície das águas.
Assentamentos de
Oxaguian e Oxalufan no candomblé doIle Ase Ijino Ilu Orossi
Então ele colocou a galinha cujos pés tinham cinco garras. Ela começou a
arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície da água; onde ciscava, cobria
a água, e a terra foi alargando cada vez mais, o que em yoruba se dizIle'nfê,
expressão que deu origem ao nome da cidade Ilê-Ifê.
Odùduà ali se estabeleceu, seguido pelos outros orixás, e tornou-se, assim, rei
da terra. Quando Oxalá acordou, não encontrou mais o saco da criação.
Despeitado, procurou Olodumaré, que por sua vez proibiu-o, como castigo a Oxalá
e toda sua família, de beber vinho de palma e de usar azeite de dendê. Mas como
consolo lhe deu a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos nos
quais ele, Olodumaré insuflaria a vida.
Lenda: A Viagem de
Oxalufam
Um dia Oxalufam, que vivia com seu filho Oxaguiam, velho e curvado por sua idade avançada, resolveu
viajar a Oyoem visita a Xangô, seu outro filho. Foi consultar um babalaô para saber acerca da viagem. O adivinho
recomendou-lhe não seguir viagem. Ela seria desastrosa e acabaria mal. Mesmo
assim, Oxalufam, por teimosia, resolveu
não renunciar à sua decisão. O adivinho aconselhou-o, então, a levar consigo
três panos brancos, limo-da-costa ou sabão-da-costa, assim como a aceitar e
fazer tudo que lhe pedissem no caminho e não reclamar de nada, acontecesse o
que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida.
Em sua caminhada, Oxalufam encontrou Exu três vezes. Três vezes Exu
solicitou ajuda ao velho rei para carregar seu fardo, que acabava derrubando em
cima de Oxalufam. Três vezes Oxalufam ajudou Exu, carregando seus fardos
imundos. E, por três vezes, Exu fez Oxalufam sujar-se desal, azeite de dendê e carvão. Três vezes suportou calado as armadilhas de Exu. Três
vezes foi Oxalufam ao rio mais próximo lavar-se e trocar suas vestes.
Finalmente chegou a Oió. Na entrada da cidade, viu um cavalo perdido, que ele
reconheceu como o cavalo que havia presenteado a Xangô.
Tentou amansar o animal para amarrá-lo e devolvê-lo ao filho. Mas, neste
momento, chegaram alguns súditos do rei à procura do animal perdido. Viram
Oxalufam com o cavalo e pensaram tratar-se do ladrão do animal. Maltrataram-no
e prenderam-no. Ele, sempre calado, deixou-se levar prisioneiro.
Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça,
Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se
estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Xangô, desesperado, procurou um babalaô, que consultou Ifá,
descobrindo que um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um
crime que não cometera.
Xangô correu para a prisão. Para seu espanto, o velho prisioneiro era
seu pai Oxalufam. Xangô ordenou que trouxessem água do rio para lavar
o rei. O rei de Oyó mandou seus súditos vestirem-se de branco, e que todos permanecessem em silêncio, pois era preciso, respeitosamente, pedir perdão a
Oxalufam. Xangô vestiu-se também de branco e encarregou Airá de carregar o velho rei nas costas. Levou-o para as
festas em sua homenagem e todo o povo saudava Oxalá e Xangô. Depois Oxalufam
voltou para casa levado por Airá e, quando chegou seu filho, Oxaguiam ofereceu um
grande banquete em celebração pelo retorno do pai.
Africa
Obatalá, Osala, Osalufon, Osagiyan e Osa-Popo,
todos eles denominados Òrìsà funfun (branco), devido à cor que
os simboliza, a branca. Obatalá e Odudua são associados de diversas maneiras
nos mitos da criação.
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Bàbá Epe
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Orixa Oko
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Lejúgbè
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Ajàgúnán
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Òsàfuru
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Elémòsó
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AkajaPriku
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Òsàìgbò
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Indako
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Bàbá Talabí
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Bàbá Àjàlé
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Orixa-Nlá
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Obatalá
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Odudua
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Oxalufan
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Oxaguian
Brasil
Oxalá, Obatalá, Orixalá, Orixa-Nlá. Oxalá
é um nome genérico de vários Òrìxá funfun (branco), como são
chamados diversos Orixás africanos no Brasil relacionados à cor branca e à criação do mundo. Os
filhos de Oxalá têm algumas restrições (ewo, quizila):
De acordo com as lendas, Oxalá embriagou-se várias vezes com vinho de palma, fato que tornou a bebida alcoólica uma
das restrições. Por causa de outra lenda, em que Exú suja suas roupas brancas
por três vezes com sal, azeite de dendê e carvão, estes elementos também se tornaram restrição aos
filhos de Oxalá. Nenhuma comida de Oxalá levasal ou dendê. Um filho de Oxalá jamais deverá usar roupas pretas ou vermelhas, por serem essas as cores de Exu.
Também em função das lendas, o dia de Oxalá é a sexta-feira.
No candomblé, tanto no Brasil quanto em outros países, todos os iniciados e
frequentadores costumam vestir-se de branco em homenagem a Oxalá. Os filhos de
Oxalá não comem comida de sal e muitos adotaram não comer carne na
sexta-feira (somente peixe). Contudo, também se acredita que esse
costume tenha relação com a Igreja Católica e o
sincretismo de Oxalá com o Senhor do Bonfim na Bahia,
costume também adotado pelos restaurantes em que nas sextas-feiras servem a pescada branca com molho de camarão.