São Pedro
Segundo a Bíblia,
seu nome original não era Pedro, mas Simão. Nos livros dos Atos dos Apóstolos e na Segunda
Epístola de Pedro, aparece ainda uma variante do seu nome original,
Simeão. Cristo mudou seu nome para כיפא, Kepha (Cefas em português, como em Gálatas 2:11), que em aramaico
significa "pedra", "rocha", nome este que foi traduzido
para o grego como Πέτρος, Petros, através da palavra πέτρα, petra, que também significa "pedra" ou
"rocha", e posteriormente passou para o latim como Petrus, também através da palavra petra, de mesmo significado.
A mudança de seu nome por Jesus Cristo,
bem como seu significado, ganham importância de acordo com a Igreja
Católica em Mt 16, 18, quando Jesus diz: "E eu te declaro: tu és Kepha e
sobre esta kepha edificarei a minha Igreja e as portas do
inferno não prevalecerão nunca contra ela." Jesus comparava Simão à
rocha.[6]
Pedro foi o fundador, junto com São Paulo, da Igreja de Roma, sendo-lhe
concedido o título de Príncipe dos Apóstolos. Esse título é um tanto tardio,
visto que tal designação só começaria a ser usada cerca de um século mais
tarde, suplementando o de Patriarca (agora destinado a outro uso). Pedro foi o primeiro Bispo de Roma.
Essa circunstância é importante, pois daí provém a primazia do Papa e da
diocese de Roma sobre toda a Igreja Católica; posteriormente esse evento originaria
os títulos "Apostólica" e "Romana".
História:
Antes de se tornar um dos doze
discípulos de Cristo, Simão era pescador. Teria nascido em Betsaida
e morava em Cafarnaum.
Era filho de um homem chamado João ou Jonas e tinha por irmão o também apóstolo
André.
Simão e André eram "empresários" da pesca e tinham sua própria frota
de barcos, em sociedade com Tiago, João e o pai destes, Zebedeu..
Pedro era casado e tinha pelo
menos um filho. Sua esposa era de uma família rica e moravam numa casa própria,
cuja descrição é muito semelhante a uma vila romana,
na cidade "romana" de Cafarnaum..
Segundo o relato em Lucas 5:1-11, no episódio
conhecido como "Pesca milagrosa", Pedro teria conhecido
Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas, de forma a
poder pregar a uma multidão de gente que o queria ouvir. Pedro, que estava a
lavar redes com Tiago e João, seus sócios e filhos de Zebedeu,
concedeu-lhe o lugar na barca, que foi afastada um pouco da margem.
No final da pregação, Jesus disse
a Simão que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas. Pedro
disse-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira mas,
em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma pescaria de tal monta
que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da barca dos seus dois
sócios, que também quase se afundava puxando os peixes. Numa atitude de
humildade e espanto Pedro prostrou-se perante Jesus e disse para que se
afastasse dele, já que é um pecador. Jesus encorajou-o, então, a segui-lo,
dizendo que o tornará "pescador de homens".
Nos evangelhos sinóticos, o nome de Pedro
sempre encabeça a lista dos discípulos de Jesus, o que na
interpretação da Igreja Católica Romana deixa transparecer um lugar de primazia
sobre o Colégio Apostólico. Não se
descarta que Pedro, assim como seu irmão André,
antes de seguir Jesus,
tenha sido discípulo de João Batista.
Outro dado interessante era a
estreita amizade entre Pedro e João Evangelista, fato atestado em todos os
evangelhos, como por exemplo, na Última Ceia, quando pergunta ao Mestre,
através do Discípulo amado (João), quem o haveria de trair
ou quando ambos encontram o sepulcro de Cristo vazio
no Domingo de Páscoa. Fato é que tal amizade perdurou
até mesmo após a Ascensão de Jesus, como podemos constatar na
cena da cura de um paralítico posto nas portas do Templo de Jerusalém.
Segundo a tradição defendida pela Igreja Católica Romana e pela Igreja
Ortodoxa, o apóstolo Pedro, depois de ter exercido o episcopado
em Antioquia,
teria se tornado o primeiro Bispo de Roma. Segundo esta tradição, depois de
solto da prisão em Jerusalém, o apóstolo teria viajado até Roma e ali permanecido até
ser expulso com os judeus e cristãos pelo imperador
Cláudio,
época em que haveria voltado a Jerusalém para participar da reunião de
apóstolos sobre os rituais judeus no chamado Concílio de Jerusalém. A Bíblia atesta que
após esta reunião, Pedro ficou em Antioquia (como o seu companheiro de
ministério, Paulo, afirma em sua carta aos gálatas). A tradição da Igreja
Católica Romana afirma que depois de passar por várias cidades, Pedro haveria
sido martirizado em Roma
entre 64
e 67 d.C. Desde a Reforma, teólogos
e historiadores
protestantes
afirmaram que Pedro não teria ido a Roma; esta tese foi defendida mais
proeminentemente por Ferdinand Christian Baur, da Escola de Tübingen. Outros, como Heinrich Dressel, em 1872, declararam que Pedro
teria sido enterrado em Alexandria, no Egito ou em Antioquia. Hoje, porém, os historiadores concordam que Pedro
realmente viveu e morreu em Roma. O historiador luterano
Adolf Harnack
afirmou que as teses anteriores foram tendenciosas e prejudicaram o estudo
sobre a vida de Pedro em Roma. Sua vida continua sendo objeto de investigação,
mas o seu túmulo está localizado na Basílica de São Pedro, no Vaticano,
o qual foi descoberto em 1950 após anos de meticulosa investigação.
Alguns pesquisadores acreditam
que, assim como Judas Iscariotes, Pedro tenha sido um zelota, grupo
que teria surgido dos fariseus e constituía-se de pequenos camponeses e membros das
camadas mais pobres da sociedade. Este supostamente estaria comprovado em Marcos 3:18, assim como em
Atos 1:13, no entanto, o
certo "Simão, o Zelote" é na realidade uma pessoa
distinta dentre as nomeações descritas nas referidas citações.