Páscoa Judaica
Pessach 2022. A partir do início da noite:
Sexta-feira, 15 de abril
Até o início da noite:
Sábado, 23 de abril
A Páscoa judaica recorda passagem do povo judeu da escravidão que vivia no Egito Antigo para a liberdade, rumo à terra prometida por Deus a eles, há 3500 anos. A história da Páscoa judaica está registrada na Bíblia, no livro do Êxodo. Os primeiros capítulos do livro trazem as instruções de Deus dadas a Moisés, e repassadas aos demais judeus, de como deveria ser celebrada a primeira Páscoa.
Como celebração e recordação daquele tempo,
os judeus comemoram sua Páscoa com cerimônias nas sinagogas e
jantares em casa com alimentos que recordam tal passagem.
Significado da Páscoa (Pessach)
A palavra páscoa vem do hebraico, pessach, que significa “passagem”.
Judeus e cristãos celebram
essa festividade recordando momentos importantes de suas histórias religiosas.
Para os judeus, a Páscoa significa a recordação do momento em que seus
antepassados viviam como escravizados no Egito Antigo e Moisés foi chamado por
Deus para libertá-los, levando-os em
missão até Canaã, a terra prometida.
Os primeiros cristãos tiveram suas origens no
judaísmo. Jesus Cristo e seus discípulos eram judeus e cumpriam as leis que
Moisés recebera de Deus no Monte Sinai e que deveriam ser seguidas pelas
gerações seguintes. Jesus, contudo, criticava a severidade dos sacerdotes
judeus que cumpriam as leis de Moisés não para agradar a Deus, mas para serem
vistos e aplaudidos em praça pública. Antes de
ser crucificado, Jesus Cristo participou das celebrações da Páscoa judaica.
A Páscoa cristã empresta da judaica o sentido de passagem, mas
não a passagem da escravidão egípcia para a liberdade de Canaã, mas sim a da
morte para a vida — a
libertação dos pecados que levam à queda humana para uma vida nova, revelada
após a ressurreição de Jesus três dias depois de sua morte na cruz.
Com a expansão cristã pelo mundo,
principalmente após o Império Romano adotar essa religião
como a oficial, a Páscoa cristã se tornou mais conhecida e mais celebrada. Isso
não significa que os judeus desistiram de celebrar a Pessach.
A tradição continua até os dias de hoje.
História da Páscoa judaica
José, filho de Jacó (considerado patriarca da nação de Israel), era assessor do faraó e interpretava seus sonhos. Enquanto José esteve no poder, os judeus puderam viver livremente no Egito e se multiplicavam. Com a sua morte e a subida de um novo faraó, a situação se tornou desfavorável para os judeus, conforme o livro do Êxodo (1, 8-10):
“Então
um rei, que não havia conhecido José, levantou-se sobre o Egito. Ele disse ao
seu povo: ‘Eis que o povo dos filhos de Israel é numeroso e forte demais para
nós. Vamos, pois, tomar sábias medidas contra ele, a fim de que pare de
multiplicar-se. Em caso de guerra, poderia juntar-se aos nossos inimigos,
combater contra nós e sair da terra.”
Nesse período, os egípcios já
tinham entrado em confronto com outros povos e havia ameaça de outras invasões
estrangeiras. Como os judeus não nasceram no Egito, o novo faraó enxergava aquele povo
que se multiplicava como ameaça, por isso tomou medidas contra
os judeus, como a escravidão.
“Os
egípcios escravizaram, pois, os filhos de Israel com brutalidade e
amarguraram-lhes a vida por meio de uma dura servidão, com a fabricação de
argamassa e tijolos, com trabalhos no campo e com todo tipo de servidão que
brutalmente lhes.” (Ex 1, 13-14)
É nesse contexto de escravidão
que Deus
chama Moisés para ter um encontro com o faraó e libertar os judeus.
“E
agora, visto que o clamor dos filhos de Israel chegou a mim e eu vi a carga que
os egípcios fazem pesar sobre eles, vai, pois! Eu te envio ao Faraó. Faze sair
do Egito meu povo, os filhos de Israel.” (Ex 3, 9-10)
Moisés se dirigiu até o faraó e
lhe fez o pedido de Deus. Entretanto, o faraó se mostrou irredutível,
apesar das demonstrações de que o poder de Deus estava com Moisés, como a
transformação do seu cajado em dragão ao ser jogado no chão.
A manifestação mais conhecida
de Deus contra o faraó são as 10 pragas:
- as
águas dos rios se converteram em sangue;
- flagelo
das rãs;
- invasão
de mosquitos;
- insetos
sobre o palácio do faraó;
- peste
sobre o gado;
- furúnculos
nos homens e nos animais;
- queda
de granizo;
- ataque
de gafanhotos;
- trevas;
- morte
dos primogênitos.
Mesmo com todos esses flagelos
sobre o Egito, o faraó não permitiu a libertação dos judeus.
A primeira Páscoa judaica aconteceu entre o fim
das pragas sobre o Egito e a travessia do Mar Vermelho.
Deus orientou Moisés a avisar para os judeus se prepararem, pois o anjo exterminador viria em ataque sobre o Egito, matando todos os primogênitos que estivessem em casas sem o sinal de sangue nas portas.
Deus disse a Moisés que era o
início de um novo tempo: “Este mês será para vós o início dos meses, será para
vós o primeiro mês do ano.” (Ex 12, 1-2). Em seguida, Deus repassa ao povo judeu as
instruções para a primeira Páscoa. Os judeus deveriam pegar um
animal do seu rebanho, alimentar-se da sua carne e aspergir seu sangue na porta
de suas casas.
Logo após a passagem do anjo
exterminador, o faraó e os egípcios lamentaram a morte dos primogênitos. Somente
após esse massacre, o faraó consentiu em libertar o povo judeu:
“Levantai-vos!
Saí do meio de meu povo, vós e os filhos de Israel. Ide e servi ao Senhor como
tínheis pedido. Quanto a vossas ovelhas e bois, levai-os igualmente como
tínheis pedido, e ide embora! Depois, despedi-vos de mim!” (Ex. 12, 31-32)
Apesar desse consentimento, o
faraó decidiu perseguir os judeus e impedi-los de fugir. Apesar do temor dos
judeus, Moisés, à beira do Mar Vermelho, ergueu seu cajado conforme ordem de
Deus e as águas do mar se abriram, permitindo a travessia do
povo até o outro lado. Após a passagem, Moisés ergueu o
cajado, e as águas do Mar Vermelho se fecharam, afogando os egípcios que
tentaram fazer a mesma travessia.
Com
a libertação da escravidão, os judeus celebraram a vitória e, a partir daquele momento, a
Páscoa.
Como a Páscoa era celebrada pelos judeus
Conforme o livro do Êxodo, a primeira Páscoa dos judeus foi celebrada quando ainda estavam no Egito sendo escravizados. As instruções dessa celebração foram transmitidas por Deus aos judeus por meio de Moisés. Um animal primogênito foi sacrificado, sua carne consumida, e o que sobrou foi queimado. Além da carne, os judeus comeram pão sem fermento e ervas amargas. Cada judeu deveria aspergir o sangue sacrificado nas portas para que nenhum mal acontecesse quando o anjo atravessasse o Egito.
Os judeus instituíram ritos
para celebrar a sua Páscoa. Durante sete dias, eles não comiam pães
fermentados, celebrando a Festa dos Pães Ázimos. Nos tempos de
Jesus, essa festa era celebrada tendo a sua participação. Além disso, os judeus
deveriam ir ao templo em Jerusalém fazer sacrifícios de animais primogênitos.
De várias regiões, os judeus se dirigiram para Jerusalém em caravanas a fim de
cumprir os preceitos da Páscoa.
Durante o nazismo na
Alemanha, nas décadas de 1930 e 1940, os judeus foram
perseguidos e privados de celebrar publicamente a Pessach. Essa
cerimônia era feita às escondidas para não despertar a
atenção dos nazistas ou de alguém que pudesse denunciá-los. Em 1943, os judeus
iniciaram um levante para combater o domínio nazista. A
última batalha do levante judeu em Varsóvia foi em 19 de abril daquele ano, no
dia da Páscoa judaica. Os judeus foram derrotados e os nazistas
destruíram o gueto.
Como a Páscoa é celebrada hoje pelos judeus
Durante a comemoração da Páscoa, os judeus fazem refeições que recordam a passagem dos antepassados da escravidão para a liberdade.
Os judeus celebram sua Páscoa
em suas sinagogas fazendo orações e cumprindo o rito pascal. Além dessas
celebrações, eles se reúnem para jantar em família e recordar a libertação dos
seus ancestrais do julgo egípcio. Esse jantar é chamado de Sêder.
Durante a refeição, é lido o livro Hagadá, que conta a história da
libertação dos judeus.
Tanto os alimentos como as
celebrações da Páscoa judaica estão ligados à passagem da escravidão para a
liberdade. Recorda-se o sofrimento dos ancestrais que viveram como escravizados
no Egito, as instruções que Deus repassou a Moisés para que a primeira Páscoa
fosse celebrada e a esperança de que dias melhores virão para o povo judeu.
A Páscoa
judaica é comemorada conforme o calendário judeu, que segue os
ciclos da Lua e do Sol. Em alguns anos, as Páscoas cristã e judaica se
coincidem. Os judeus comemoram sua Páscoa anualmente, no dia
14 de nissan.
O que se come na Páscoa dos judeus?
Durante a celebração pascal, os judeus comem alimentos específicos que recordam os que foram consumidos pelos seus antepassados. A seguir, alguns deles:
- Matsá: pão sem fermento. Isso se deve à
pressa dos judeus em sair do Egito, levando o pão sem fermento, pois não
havia tempo para a total fermentação da massa.
- Zeroá: pedaço de osso com carne tostado
para recordar o sacrifício exigido por Deus.
- Maror: uma raiz amarga que lembra o período
difícil da escravidão vivida no Egito.
- Charosset: uma mistura de massa, uva e nozes
que recorda a argamassa usada pelos judeus para construir suas casas.
- Água salgada: recorda o sofrimento dos judeus
enquanto escravizados no Egito.
- Beitzá: ovo cozido que simboliza a esperança
do povo judeu em reconstruir o Templo de Salomão.
Resumo sobre a Páscoa judaica
- Sua
história está registrada nos primeiros capítulos do livro do Êxodo, que
recorda o sofrimento do povo judeu escravizado, as ações de Deus contra o
faraó e a primeira celebração pascal, que deu início à libertação.
- Era
celebrada pelos judeus conforme as ordens que Deus deu a Moisés, pouco
tempo antes da libertação no Egito, por meio de refeição com carne de
animal primogênito cujo sangue deveria ser aspergido nas portas das casas
para que o anjo exterminador os poupasse da morte.
- Atualmente, os judeus mantêm a tradição milenar de recordar a libertação no Egito por meio de celebrações e jantares em casa, consumindo alimentos sem fermento e amargos, que trazem à tona o sofrimento dos ancestrais e a esperança de vida melhor.